TECNOLOGIA,
EDUCAÇÃO e MARKETING DE RELACIONAMENTO
(originalmente publicado em Fique
por Dentro - Newsletter Quatro/A, 1997)
Há
uma consciência de toda a sociedade americana de que
será
necessária uma parceria entre governo, iniciativa privada e
educadores para levar a tecnologia às salas de aula.
Devido à revolução causada pela
fusão das
comunicações com a informática muitos
paradigmas
terão que ser revistos. Um dos que merecem um estudo
cuidadoso e
uma especial atenção de todos, público
em geral e
profissionais de marketing, é o da
educação. Nos
EUA, em fevereiro último, foi anunciado pelo presidente Bill
Clinton o Telecommunications Act 1996, que, entre outras coisas,
garante por lei que todos os professores e alunos do país
têm direito à tecnologia de ponta. O presidente
lançou também um desafio aos setores
público e
privado de conectarem todas as escolas e bibliotecas dos EUA
à
Internet até o ano 2000.
O sentimento geral é de que, sendo a
informação
uma das mais poderosas armas dos dias de hoje, o não acesso
a
ela alijará diversos cidadãos das melhores
oportunidades
de emprego e de todo o processo de cidadania plena, de uma forma geral.
Segundo Reed Hundt, Chairman do FCC, órgão
federal de
regulamentação das
comunicações daquele
país, "o acesso instantâneo à
informação aumentará a produtividade,
ajudará a educar as crianças ... (e)
criará
empregos" e, além disso, "preparar nossas
crianças para o
uso de computadores por toda a vida é agora tão
essencial
quanto ensiná-las a ler, escrever e a usar
matemática...
Nós devemos fazer com que a
alfabetização
tecnológica seja padrão".
Além desta ser uma eficiente forma de democratizar a
educação – imaginem uma
criança em uma
escola pública do interior do Acre tendo acesso, via
Internet,
às mesmas informações,
dicionários,
enciclopédias, museus, bibliotecas e bancos de dados que
seus
contemporâneos em escolas particulares de capitais como Rio e
São Paulo –, existem estudos que comprovam que o
uso de
computadores em salas de aula aumenta vertiginosamente o grau de
retenção por parte dos alunos, além de
reduzir
significativamente a evasão escolar.
Um relatório da conceituada McKinsey & Company
confirmou que
computadores estimulam e aumentam o comprometimento de estudantes com o
aprendizado; que ajudam as crianças a dominar
matérias
como matemática, ciências e a escrever; que
maximizam suas
habilidades de pensamento crítico; que têm efeitos
ainda
mais positivos com alunos de desempenho abaixo da média; que
motivam os alunos a permanecer nas escolas; e que, com a ajuda de
periféricos já existentes ou em fase de
desenvolvimento,
poderão ser de inestimável valia para
crianças
deficientes.
Esta tarefa será árdua mesmo nos EUA, onde se
estima que
40% das residências já possuam um microcomputador
e 10%
das escolas - embora não necessariamente seus alunos
–
já estejam conectadas à superestrada de
informações. Há uma
consciência de toda a
sociedade americana de que serão necessários
incentivos
governamentais para a implementação da
infraestrutura,
além de uma parceria entre governo, iniciativa privada e
educadores para levar a tecnologia às salas de aula.
E o que isso tem a haver com marketing? Algumas empresas de grande
porte já adotam o marketing de relacionamento institucional
com
a comunidade, através de
ações/projetos tais como
o Telecurso 2000, da Fundação Roberto Marinho
(escala
nacional), o Projeto Horizonte da IBM, que leva computadores
às
escolas (escala regional) e, em menor escala, o Ciranda da
Ciência, da Hoescht, na área da
educação;
diversos cartões de crédito de afinidade (Unicef,
Aqualung, Instituto Ayrton Senna), de cunho beneficente; eventos
esportivos, muito em moda, e culturais (estratégico o
patrocínio da Coca-Cola a eventos estudantis), na
área de
lazer; entre outros, que objetivam um grau maior de
integração com seu mercado através do
oferecimento
de benefícios à comunidade onde seu cliente
habita ou
mesmo através de sua simpatia para determinadas causas.
Na Califórnia, no dia 9 de março, a
indústria das
telecomunicações, educadores, estudantes e pais,
se
uniram no "NetDay '96". Cerca de 20.000 voluntários de todo
o
estado instalaram 2.000 km de cabos de alta velocidade em escolas.
São iniciativas deste porte que viabilizarão no
Brasil,
como em qualquer parte do mundo, a implantação de
projetos da importância da
democratização da
informação e da educação,
já em
pleno andamento nos EUA. No entanto, está na hora das
empresas
de porte médio, e as de pequeno porte também, por
que
não?, seguirem as grandes e começarem a agregar
valor a
seus contatos com os habitantes das comunidades onde se localizam. Ou
será que você nunca parou para pensar nas
vantagens de
estar presente em seu mercado atual e futuro, desde a mais tenra idade
de cada um, se possível, com uma imagem positiva e
simpática?
Jeffrey Hanson Costa